quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Sobre o filho único

Recebi muitos emails e mensagens bacanas sobre o post de terça-feira, que falava da nossa decisão pelo filho único. Por isso, achei super importante compartilhar com vocês esse texto que li nessa semana.

Para as mamães e papais que decidiram pelo filho único, como nós:

Filho único…

Quais são os mitos que circulam na nossa cultura sobre filho único e o que acontece, de verdade, se eu escolher ter um filho único? E se eu não quiser ter mais filhos? E se eu não me sentir preparado para ter mais filhos?

O filho único é visto na nossa cultura como sendo mais mimado e superprotegido, mas isso pode acontecer com qualquer filho, não somente com filhos únicos. A questão é que os irmãos ofertam para nossas vidas quatro habilidades: competir, colaborar, negociar e dividir. Um filho único não vai ter essas experiências com irmãos dentro de casa, portanto vai diminuir a forma visceral, contínua e interminável com que ele teria a oportunidade de conviver com outros pares para aprender essas quatro habilidades.

Então, o chamado para um filho único é a socialização. O pai e a mãe de um filho único precisam se dedicar para que o filho construa uma rede de amigos com idades que ele possa se sentir íntimo dessas crianças e pertencente ao grupo.

Não precisa ser um pertencimento fácil, pode ser um pertencimento com algumas angústias: o outro que não empresta o brinquedo, que quer mandar na brincadeira, que não quer brincar comigo, quero dividir isso com o outro e ele não quer… esses pequenos conflitos de crianças quando acontecem dentro de casa, os pais não têm como sempre proteger…

O pai e a mãe de filho único precisam ficar atentos para esses momentos em que a criança pode ficar exposta a situações mais desagradáveis onde nosso olhar quer sempre proteger… precisam tomar cuidado para não coibi-la de participar disso, não impedi-las de viver essas coisas que são parte do processo de amadurecimento relacional dela….é nessas questões que as crianças vão aprender a se frustrar.

Uma das maiores habilidades da vida adulta é a tolerância à frustração… Nós precisamos dar aos nossos filhos o direito de aprender isso. O que a nossa cultura chama de mimo, nós chamamos de intolerância a frustração. Esse é o processo de aprendizagem de uma criança, ela ir entendendo que os desejos dela são limitados diante de determinados contextos e que ela vai precisar aprender a competir, negociar, dividir e colaborar.

Ter um filho único é uma alternativa sim, é um direito que você tem de constituir sua família. Só precisa tomar cuidados para ele ter uma socialização adequada, que forneça a oportunidade para ele ir aprendendo sobre as frustrações da vida e os grupos são um grande lugar para isso acontecer.

Alexandre Coimbra Amaral

Para assistir ao vídeo (muuito bom!), acesse o link do Instituto Aripe

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