Por que será, né? É impressionante! Até a mais tranquila das mulheres entra em crise quando vira mãe e tem seus momentos críticos de culpa...........muita culpa.
Eu me considero até boa nessa área, mas tem dias que a coisa pega. Sexta-feira mesmo, meu baby se recusou a jantar. Até abria aquele bocão bonito pra colher, mas era só pra cuspir tudo logo em seguida. Aquilo me irritou profundamente. Depois da 5a cuspida, tirei ele da cadeirinha e não dei nada no lugar da comida.....ficou sem mesmo....até a hora da mamadeira pra dormir.
Por mais que essa seja o orientação do Pediatra, fiquei me sentindo péssima! Tanto por ter me irritado daquele jeito (mesmo sem ter descontado nele, me senti mal por me sentir tão irritada) quanto por deixar meu pequeno sem comida.
E logo que ele foi para o berço, comecei a pensar no por quê de tanta culpa! Por que nos deixamos levar por ela? E foi quando sentei em frente ao computador e escrevi esse texto que vem logo aí embaixo:
Nós sentimos essa culpa toda porque nos cobramos demais.
Tem que ser a esposa perfeita, a mulher perfeita, a profissional perfeita, a filha perfeita, a amiga perfeita.....mas quando viramos mães....perfeição parece ser pouco. Parece que, a partir daquele momento, não podemos mais dar nenhum passo em falso. Não podemos desviar nadinha. Pisar fora da linha?! De jeito nenhum!!
Mas afinal: que passo pode ser considerado em falso? Que caminho é esse do qual não podemos desviar nadinha? E essa tal linha? Será que ela existe mesmo?
Pois é.....é exatamente nessas últimas questões que mora toda a nossa culpa. Nesses preconceitos impostos pela sociedade e por nós mesmas. A gente impõe uma meta - totalmente irreal, diga-se de passagem - sobre o que é ser mãe. E seguimos adiante com essa meta absurda na cabeça....cegas pela necessidade angustiante de acertar sempre.
Acho que uma boa parte dessa meta se dá pelo fato de ainda termos um pouco daquela visão infantil de que nossa mãe é perfeita. Se ela é, como é que podemos não ser, né? A verdade é que nossa mãe não é perfeita - looooonge disso!! E, assim como ela, nós também não somos perfeitas.
Outra boa parte (quase 80% na minha opinião), se dá pelo fato do que vemos e ouvimos por aí - em época de redes sociais então!! Haja paciência e cabeça no lugar pra não ficar se sentindo mal, né?
Ninguém vai para o Facebook ou Instagram postar a foto da madrugada em claro. Ninguém lembra de tirar foto na hora em que o filho está fazendo birra. Ninguém posta no status que está de saco cheio do choro que não pára por causa das cólicas....ou da birra.....ou do sono....etc.
Ali, tudo é lindo! E não tem nada de errado nisso, afinal, esse tipo de coisa é pra relaxar mesmo. Os problemas? Ficam em casa!
Tem mãe que faz tudo virar um lindo poema de amor. Tudo é belo! Cor-de-rosa! Calmo! Tranquilo! Um verdadeiro comercial de margarina! Mesmo quando perguntada sobre as dificuldades da maternidade, jamais admitirá essas dificuldades. Essas mães, ou como eu gosto de chamá-las, super mães, fazem muitas mães se sentirem um lixo....e com isso vem a culpa.
Pra elas:
- acordar "trocentas" vezes durante a madrugada é lindo (é uma chance a mais de ficar grudadinha no bebê).
- a introdução alimentar é sempre um sonho (o baby come tudo desde a primeiríssima vez, sem nunca dar um pingo de trabalho).
- não existe essa tal de birra (afinal, criança não sabe fazer essas coisas antes de ter 3 ou 4 anos. Qualquer coisa antes disso, precisa ser imediatamente aceita pelos pais ou cuidadores, afinal, é apenas uma criança).
- o casamento pode ficar em segundo plano (o bebê é a prioridade suprema na vida da super mãe).
- se cuidar então! (vai passar no salão os minutos preciosos que poderia estar com seu bebê?).
- trabalhar fora é um pecado tão grande que com certeza garante lugar no inferno.
- se não mantiver a amamentação até a criança praticamente chegar ao ensino médio, não cumpriu seu papel de mãe.
- se não teve parto normal (de preferência sem anestesia, em casa, assistida única e exclusivamente pelo marido e pela Doula) não sabe o que é amor de verdade.
- E o número de besteiras só cresce!!
Conheci muitas dessas mães nos grupos que participava no Facebook. É...participava, porque me irritei tanto que achei melhor largar mão mesmo. Mas foram coisas tão absurdas que chegava a temer pela saúde (física e mental) daquelas crianças.
Dois exemplos:
- Uma mãe com câncer pediu orientação de como proceder com o desmame (já que tomaria medicação fortíssima e não poderia mais amamentar seu bebê de 4 meses, de forma não traumática para o pequeno). A resposta do grupo? JAMAIS interromper a amamentação. Os médicos não sabem o que dizem. Ela poderia esperar tranquilamente pelo dia em que seu bebê parasse de mamar por conta própria pra só então, começar o tratamento. OI?!?!?!?!?! Acho que, mais do que leite materno, a criança precisa da mãe vida por perto, né?
- Em uma madrugada dificílima, desabafei com as "amigas" do grupo. Fui praticamente linchada, afinal, como pude reclamar de estar há dias sem dormir? O fato de reclamar disso, segundo uma das super-mães do grupo, mostrava que eu não tinha o menor dom materno. Não merecia ser mãe. POSSO COM ISSO, MINHA GENTE?
E ainda uma outra parte, é por culpa da sociedade mesmo. Dessa cobrança sem fim que todas as mães recebem dia após dia.
Seu filho é educado? Dorme a noite toda? Respeita os mais velhos? QUE SORTE A SUA!!!
Seu filho é mal-educado? Faz birra em público? Acorda a noite inteira? Não respeita ninguém? A CULPA É SUA!
Será mesmo que a mãe do primeiro exemplo só tem sorte? Será que ela não é a "culpada" por ter um filho assim, exemplar? Então, quando dá certo, é sorte, obra do acaso. Quando dá errado, é culpa da mãe.
Não, né? O fato é que toda criança tem qualidades e defeitos. E ambos são "culpa" da mãe. Dos pais, na verdade. Uma criança exemplar não é obra do acaso. É obra da criação que recebe em casa.
Mas então o que quero dizer com essa "carta"?!
Quero dizer que sentir culpa é normal! Que sentir culpa nos ajuda a manter o foco, mas que sentir culpa não pode ser devido a esses padrões erradíssimos que são jogados na nossa cara todos os dias.
- Não queira ser perfeita! Somos humanas.....o ser humano é falho.....e pronto! Você vai errar com seu filho, assim como vai errar com todas as pessoas à sua volta.
- Não acredite em tudo o que lê ou vê nas redes sociais e no seu dia a dia. Grande parte do que é postado e dito é uma enorme mentira. Maquiagem da vida real.
- Não aceite julgamentos das super-mães. Elas não existem! Não querem mostrar e jamais admitirão, mas erram tanto ou até mais do que nós.
- Esqueça os julgamentos (inclusive os seus) e viva sua vida de acordo com o que VOCÊ acredita ser o melhor para a sua família. O seu dom materno é SEU e foi dado por Deus para que você cuide da SUA família. Só você sabe o que rola dentro de casa. Só você sabe até onde vai o seu limite. Só você sabe o que faz pelo seu filho. O resto......é resto.
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